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Análise química de solo: o que é e qual é a sua importância?

Com certeza você já ouviu falar em análise de solo. Provavelmente você deve ter ouvido também que ela é importante e que é preciso fazê-la periodicamente. Mas você realmente sabe quais são os princípios, finalidades e importância desta prática para a agricultura?

Se você não sabe ou tem dúvidas sobre o que ocorre dentro do laboratório de análise de solo, você está no lugar certo. Vamos aprender o que se sabe hoje de análise química de solo e se isto é realmente importante para a condução de sua lavoura.

O que é a análise de solo?

A análise de solo nada mais é do que analisar amostras de solo em que se tem um interesse agronômico. Ela é tão importante quanto um exame de sangue que fazemos rotineiramente quando vamos ao médico.

Fazer o exame de sangue é muito importante para acompanharmos nossa saúde, por isso é recomendado fazê-lo a cada ano no mínimo. Afinal, existem muitas coisas que são analisadas no sangue e, com o exame em mãos, o médico pode tirar informações importantes para tomar uma decisão.

Isso porque é fundamental medir parâmetros, concentração de enzimas etc, no sangue. Com essas informações em mãos, o médico consegue ter um panorama geral da sua saúde.

De modo análogo, a análise de solo é extremamente importante para a condução de qualquer cultivo que será realizado. Pois assim como o médico, o agrônomo precisa da análise de solo para fazer uma recomendação de adubação e calagem.

Outras informações são igualmente importantes, como saber o histórico da área, adubações e análises de solo anteriores etc, que são equivalentes à anamnese feita pelo médico. Mas apenas isso é muito pouco, o agrônomo precisa ter conhecimento da capacidade que a sua área tem de reter e fornecer os nutrientes para as plantas.

Com isso, a análise do solo nada mais é do que procedimentos analíticos em amostras de solo com a finalidade de medir a concentração de nutrientes e parâmetros

Qual é a importância desse tipo de análise?

Certo, mas para que serve isso? Pode-se acreditar, realmente, nos valores que constam nos laudos de análise de solo? Essas são perguntas que talvez você já tenha feito.

Assim como o exame de sangue, a análise de solo fornece apenas valores de concentração de nutrientes e alguns outros parâmetros. Com esses valores, o agrônomo chega facilmente na recomendação de adubação e calagem necessária para alcançar determinada produtividade de uma cultura.

Com a ajuda da ciência é possível estabelecer, para cada situação, as faixas consideradas adequadas para o desenvolvimento da cultura. Mas é claro que essas quantidades variam conforme diversos fatores, como características de solo, clima, histórico de adubação da área.

Por esse motivo, é necessária a condução de experimentos chamados de calibração em todos os lugares de interesse.

Os experimentos de calibração nada mais são do que ensaios em que são semeadas culturas e adicionadas doses de adubos, corretivos e/ou condicionantes de solo. Por meio de técnicas estatísticas, investiga-se a relação entre a produtividade e as doses para se estabelecer intervalos em que a produtividade é máxima.

Com isso, podemos ver que não são valores arbitrários, mas interpretações baseadas em dados científicos. Esses dados são encontrados geralmente em publicações científicas feitas no Brasil e no mundo.

Para facilitar a vida dos técnicos de campo, existem os Manuais de Adubação e Calagem, os quais reúnem as informações relevantes para determinada região (Figura 1).


Figura 1. Exemplo de manuais de adubação e calagem no Brasil, para o estado do Paraná (A), Rio Grande do Sul e Santa Catarina (B) e para o Cerrado (C). Fonte: O autor, 2022.

Essa interpretação realizada de forma correta traz inúmeros benefícios para o solo, o meio ambiente, a cultura e, principalmente, o bolso do agricultor.

Isso porque, com as quantidades certas de adubos, o agricultor adicionará corretivos e condicionantes na quantidade mais próxima do ideal. Com isso, pode-se alcançar altas taxas de aproveitamento dos insumos adicionados, sem desperdícios, alcançando altos rendimentos.

Erroneamente, olhamos para a análise de solo como um custo sem retornos, mas, na verdade, trata-se de um investimento com bons dividendos.

Coleta das amostras: quais cuidados devem ser tomados?

Para a realização da coleta de solo são necessários alguns cuidados, pois a etapa mais importante é a realizada no campo.

Não existem procedimentos conhecidos que podem ser feitos em laboratório para corrigir erros de amostragem a campo. Se você coletou uma amostra de solo e não respeitou as diretrizes, o ideal é refazer a coleta e, se isto não for possível, é melhor nem levar ao laboratório, pois você desperdiçará dinheiro.

Os impactos de uma recomendação de adubação e calagem realizadas com base em uma amostra de solo coletada de forma errônea são incalculáveis. Para que você não passe por isso, você pode contratar um profissional para realizar essa tarefa ou fazê-la por conta própria seguindo alguns passos simples.

Inicialmente, é preciso ter as ferramentas para essa atividade, como trado, pá, balde, faca, saco de coleta etc. (Figura 2)


Figura 2. Amostradores de solo para análise química do solo. Fonte: Comissão de Química e Fertilidade do Solo – CQFS-RS/SC. (2016). Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (11 ed). Porto Alegre, Brasil: SBCS/NRS.

É preciso subdividir a área em subáreas homogêneas, ou seja, em áreas que tenham as mesmas características de solo, produção, inclinação e drenagem. (Figura 3).


Figura 3. Exemplo de áreas homogêneas para um plano de amostragem. Fonte: Comissão de Química e Fertilidade do Solo – CQFS-RS/SC. (2016). Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina (11 ed.). Porto Alegre, Brasil: SBCS/NRS.

Mas, mesmo dentro de uma área de grãos, por exemplo, pode-se criar subáreas para melhorar a precisão dos resultados.

Para melhorar a tomada de decisão de definir as subáreas, pense que, quanto maior o número de amostragens, maior a precisão. Por outro lado, mais amostras representam maior investimento, por isso é preciso achar um meio termo para melhor utilizar essa ferramenta.

Com as subáreas definidas, partimos para a coleta propriamente dita, em que devemos coletar entre 10 e 20 amostras em cada subárea.

Recomenda-se caminhar em ziguezague, como é mostrado na figura 3, item 8.

No ponto de coleta, abre-se uma pequena trincheira e se coleta amostras nas profundidades requeridas, por exemplo 0-20 cm e 20-40 cm.

A camada a ser coletada varia em função da cultura, sistema de cultivo e manejo. Por exemplo, coleta-se na camada de 20-40 cm para recomendação de gessagem.  

Todas as amostras coletadas na subárea devem ser misturadas, retirando-se raízes, restos vegetais e outros resíduos, além de destorroá-lo.

A amostra composta deve ter entre 200 e 400 gramas de solo e deve ser direcionada ao laboratório o mais rápido possível. Caso não consiga entregar ao laboratório nos dias subsequentes à coleta, pode-se colocar as amostras ao sol para serem pré-secadas.

A escolha do laboratório para realização da análise também é importante. Dê preferência aos que apresentem certificação/controle de qualidade.

Com o laudo da análise em mãos, contate um agrônomo para realizar a recomendação de adubação e calagem.

Por fim, ressalta-se que a realização desta prática deve ser feita a cada 2 anos para acompanhar a fertilidade química das suas áreas na entressafra.

Conclusão

Podemos observar que a análise de solo é extremamente importante para alcançar altos tetos produtivos, aliados a altas taxas de aproveitamento dos insumos.

Devemos encarar o valor da análise como um investimento na lavoura, assim como qualquer outro insumo, pois gerará ótimos frutos.

Finalmente, a pesquisa é uma atividade contínua, ou seja, há uma constante atualização dos manuais para melhorar a precisão das interpretações.

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No que diz respeito à análise de solo, nosso sistema pode te ajudar a armazenar e criar um banco de dados preciso que, a longo prazo, pode ser decisivo na sua tomada de decisões.

Além disso, o sistema te ajuda a monitorar o armazenamento dos seus insumos. Com os dados da análise e a recomendação de adubação em mãos, basta você avaliar o que tem em estoque e o que falta, para assim investir apenas naquilo que é realmente necessário, diminuindo então o custo de produção da lavoura.


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